Zonas entremarés são consideradas as mais difíceis
fisiologicamente devido a constantes variações que ocorrem durante os ciclos
das marés. Os principais fatores que sofrem essas mudanças são a temperatura, o
oxigênio dissolvido e a salinidade, além da radiação ultravioleta, risco de
dissecção devido a exposição ao ar e a ação das ondas.
A
influência desses fatores em constante mudança induzem a produção de radicais
livres, que afetam vários fatores dos organismos que vivem nas regiões
entremarés. Além de induzir a peroxidação, processo que causa dano na membrana
celular. Para contrabalancear a produção de radicais livres, esses organismos
possuem uma eficiente capacidade antioxidante, responsável pela produção de
enzimas antioxidantes. Esse estudo discute as adaptações fisiológicas desses
organismos a exposição ao ar durante os períodos de maré baixa.
Os
resultados mostraram que tanto a imersão (onde havia reoxigenação) quanto a
emersão (momento de exposição ao ar) tiveram diferentes efeitos na expressão
das proteínas HSP70/HSC70, no acúmulo de MDA (malondialdeído) e na atividade de
várias enzimas antioxidativas. Houve um aumento significativo das proteínas
HSP70/HSC70 durante a emersão, seguida de uma queda durante o período de
imersão. Ao contrário dessas proteínas, os níveis de MDA eram quase zero
durante a exposição ao ar, enquanto na imersão, os níveis se elevaram
drasticamente.
A resposta
das enzimas antioxidativas variou entre as enzimas. Durante a emersão, os
níveis de GST subiram, enquanto na imersão, notou-se a diminuição da quantidade
dessa enzima. Ao contrário da GST e da CAT, a atividade da SOD ficou estável
durante a emersão e aumentou durante a imersão.
Os
resultados sugerem que o conjunto HSC70/HSP70, CAT e GST fazem parte de uma
resposta integrada durante os períodos de hipóxia e uma preparação para o período
de reoxigenação, onde haveria dano as células por causa dos radicais livres
produzidos durante a imersão. Essa adaptação faz com que os corais sobrevivam
nesse ambiente entremarés durante os períodos de maré baixa.
Rodrigo Carvalho
Aluno de Biologia, UnB
Fonte:
T. Texeira e al. Coral physiological adaptations to air exposure: Heat shock and oxidative stress responses in Veretillum cynomorium. / Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 439 (2013) 35–41
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