quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Adaptações fisiológicas de corais à exposição ao ar

Zonas entremarés são consideradas as mais difíceis fisiologicamente devido a constantes variações que ocorrem durante os ciclos das marés. Os principais fatores que sofrem essas mudanças são a temperatura, o oxigênio dissolvido e a salinidade, além da radiação ultravioleta, risco de dissecção devido a exposição ao ar e a ação das ondas.

A influência desses fatores em constante mudança induzem a produção de radicais livres, que afetam vários fatores dos organismos que vivem nas regiões entremarés. Além de induzir a peroxidação, processo que causa dano na membrana celular. Para contrabalancear a produção de radicais livres, esses organismos possuem uma eficiente capacidade antioxidante, responsável pela produção de enzimas antioxidantes. Esse estudo discute as adaptações fisiológicas desses organismos a exposição ao ar durante os períodos de maré baixa.

Os resultados mostraram que tanto a imersão (onde havia reoxigenação) quanto a emersão (momento de exposição ao ar) tiveram diferentes efeitos na expressão das proteínas HSP70/HSC70, no acúmulo de MDA (malondialdeído) e na atividade de várias enzimas antioxidativas. Houve um aumento significativo das proteínas HSP70/HSC70 durante a emersão, seguida de uma queda durante o período de imersão. Ao contrário dessas proteínas, os níveis de MDA eram quase zero durante a exposição ao ar, enquanto na imersão, os níveis se elevaram drasticamente.

A resposta das enzimas antioxidativas variou entre as enzimas. Durante a emersão, os níveis de GST subiram, enquanto na imersão, notou-se a diminuição da quantidade dessa enzima. Ao contrário da GST e da CAT, a atividade da SOD ficou estável durante a emersão e aumentou durante a imersão.

Os resultados sugerem que o conjunto HSC70/HSP70, CAT e GST fazem parte de uma resposta integrada durante os períodos de hipóxia e uma preparação para o período de reoxigenação, onde haveria dano as células por causa dos radicais livres produzidos durante a imersão. Essa adaptação faz com que os corais sobrevivam nesse ambiente entremarés durante os períodos de maré baixa. 

Rodrigo Carvalho 
Aluno de Biologia, UnB

Fonte:
T. Texeira e al. Coral physiological adaptations to air exposure: Heat shock and oxidative stress responses in Veretillum cynomorium. / Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 439 (2013) 35–41

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