segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Breve Histórico

No final do século XVIII, mais precisamente em 1789, Lavoisier introduziu em seu “Traité élémentaire de chimie” o primeiro conceito de radical livre, permitindo assim, que outros cientistas viessem a desenvolver vários significados para o que até então era considerado como absurdo.

Ao se tratar da natureza dos ácidos, Lavoisier afirmou que eles teriam que ser substâncias oxigenadas, isto é, conter oxigênio ligado a outro átomo que ele escolheu nomear como radical livre. Segundo seu conceito, o radical poderia ser um único elemento no caso dos ácidos inorgânicos (enxofre no H2SO4 e H2SO3, fósforo no H3PO4 e H3PO3, carbono no H2CO3) ou poderia ser uma combinação estável de carbono e hidrogênio nos ácidos orgânicos. 

Traité élémentaire de chimie”, Lavoisier.

No século seguinte, os cientistas especulavam que poderia haver um radical livre contendo carbono, ou seja, um radical orgânico. Porém, após várias tentativas de isolá-lo, eles assumiram que o carbono tem que ser sempre tetravalente (formando quatro ligações). O que eles não contavam era com o feito de Moses Gomberg, um estudante de química analítica da universidade de Michigan, que provou à comunidade científica que o carbono pode sim ser trivalente. 

Moses Gomberg estava tentando sintetizar um composto de carbono chamado hexafeniletano, quando ele inesperadamente sintetizou trifenilmetil, um composto misterioso, altamente reativo e instável. Ele percebeu então que se tratava do tão alusivo radical livre, provando assim que o carbono nem sempre é tetravalente como a grande maioria dos cientistas afirmavam.

Carbono trivalente descoberto por Moses Gomberg - Trifenilmetil

Em 1954, uma fisióloga e bióloga argentina chamada Rebeca Gerschman, propôs que o oxigênio era tóxico ao organismo pois produzia radicais livres, e estes estariam presentes em certas doenças e no envelhecimento. Rebeca Gerschman foi pioneira nos estudos dos radicais livres de oxigênio, sua teoria ficou conhecida com Teoria Gerschman, porém devido aos dogmas da época e por ser mulher latino-americana, suas ideias demoraram a serem aceitas. Em 1968, Denham Harman propôs que o acúmulo de lesões causadas pelos radicais livres provocava o envelhecimento.

Em 1969, Joseph McCord e Irwin Fridovich descobriram uma enzima superóxido dismutase, um importante antioxidante celular. Os cientistas então abandonaram a relutância a respeito da teoria dos radicais livres de oxigênio e consideraram a Teoria Gerschman uma grande contribuição para a medicina e biologia moderna.

Lorenna Rocha
Estudante de Química - UnB

Fontes:



http://www.portalplanetasedna.com.ar/rebeca_gerschman.htm

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