No final do século XVIII, mais
precisamente em 1789, Lavoisier introduziu em seu “Traité élémentaire de chimie” o primeiro conceito de radical livre,
permitindo assim, que outros cientistas viessem a desenvolver vários
significados para o que até então era considerado como absurdo.
Ao
se tratar da natureza dos ácidos, Lavoisier afirmou que eles teriam que ser
substâncias oxigenadas, isto é, conter oxigênio ligado a outro átomo que ele
escolheu nomear como radical livre. Segundo seu conceito, o radical poderia ser
um único elemento no caso dos ácidos inorgânicos (enxofre no H2SO4 e H2SO3, fósforo no H3PO4 e H3PO3, carbono no H2CO3) ou poderia ser uma combinação estável de
carbono e hidrogênio nos ácidos orgânicos.
“Traité élémentaire de chimie”, Lavoisier.
No século seguinte, os
cientistas especulavam que poderia haver um radical livre contendo carbono, ou
seja, um radical orgânico. Porém, após várias tentativas de isolá-lo, eles
assumiram que o carbono tem que ser sempre tetravalente (formando quatro
ligações). O que eles não contavam era com o feito de Moses Gomberg, um estudante
de química analítica da universidade de Michigan, que provou à comunidade
científica que o carbono pode sim ser trivalente.
Moses Gomberg estava
tentando sintetizar um composto de carbono chamado hexafeniletano, quando ele
inesperadamente sintetizou trifenilmetil, um composto misterioso, altamente
reativo e instável. Ele percebeu então que se tratava do tão alusivo radical
livre, provando assim que o carbono nem sempre é tetravalente como a grande
maioria dos cientistas afirmavam.
Carbono trivalente descoberto por Moses Gomberg - Trifenilmetil
Em 1954, uma fisióloga
e bióloga argentina chamada Rebeca Gerschman, propôs que o oxigênio era tóxico
ao organismo pois produzia radicais livres, e estes estariam presentes em
certas doenças e no envelhecimento. Rebeca Gerschman foi pioneira nos estudos
dos radicais livres de oxigênio, sua teoria ficou conhecida com Teoria
Gerschman, porém devido aos dogmas da época e por ser mulher latino-americana,
suas ideias demoraram a serem aceitas. Em 1968, Denham Harman propôs que o acúmulo de lesões causadas pelos radicais livres provocava o envelhecimento.
Em 1969, Joseph McCord
e Irwin Fridovich descobriram uma enzima superóxido dismutase, um importante
antioxidante celular. Os cientistas então abandonaram a relutância a respeito
da teoria dos radicais livres de oxigênio e consideraram a Teoria Gerschman uma
grande contribuição para a medicina e biologia moderna.
Lorenna Rocha
Estudante de Química - UnB
Fontes:
http://www.portalplanetasedna.com.ar/rebeca_gerschman.htm
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